GLAUCOMA

( Texto extraído de: Blog de Manuel)

O glaucoma congénito – as crianças

O glaucoma congénito, também conhecido por glaucoma da infância, pediátrico ou glaucoma infantil, ocorre em crianças pequenas. Geralmente é diagnosticado no primeiro ano de vida mas em muitos casos só mais tarde é detectado porque as famílias não consultaram o oftalmologista nos primeiros meses de vida.

Esta condição rara, que pode ser hereditária, causada pelo desenvolvimento incorrecto do sistema de drenagem do olho antes do nascimento, leva ao aumento da pressão intra-ocular que conduz a danos no nervo óptico.

Os sintomas do glaucoma na infância incluem os olhos aumentados, opacidade da córnea, e a fotosensibilidade (sensibilidade à luz). O aumento do globo ocular, facilitado pela estrutura ainda em formação da parede ocular, constitui um factor de risco elevado e ao mesmo tempo traduz-se em indesejáveis efeitos psicológicos sobre a criança diminuindo a sua auto-estima e tornando-a alvo da curiosidade rude dos adultos e de chacota cruel por parte de outras crianças. Recordo-me, perfeitamente, de ser tratado por “o olho grande” pelos meus companheiros de escola primária e secundária e o meu insucesso no namoro sempre ombreou com o aspecto estranho e pouco estético dos meus olhos. Também nesta vertente as famílias devem proteger os seus garotos e para isso, a palavra de ordem é prevenir.

Nos casos simples, os medicamentos ou a cirurgia podem muitas vezes corrigir tais defeitos estruturais. Ambos, medicamentos e cirurgia, são necessários em alguns casos mais graves.

Como sublinhei o papel preventivo, protector e vigilante da família assume importância fundamental para evitar uma cegueira irreversível. Aconselho vivamente a audição do interessante filme incorporado na página da Associação Brasileira de Portadores de Glaucoma seus Amigos e Familiares. O filme, com o título A Criança, a Família e o Glaucoma, pode ser visto e ouvido acedendo à página em http://www.abrag.com.br/ e clicando no item vídeos no fundo da lista do menu situado à esquerda.

Sobre o assunto considero de muito interesse o estudo retrospectivo baseado no acompanhamento de 95 doentes diagnosticados com glaucoma congénito efectuado por ilustres especialistas do Hospital de S. João e da Faculdade de Medicina do Porto (Sofia Freitas, M.F. Domingues, J. Silva Cotta, F. Falcão-Reis). Para quem queira conhecer o estudo com mais desenvolvimento deve aceder ao arquivo em formato PDF publicado em http://www.spoftalmologia.pt/download.php?path=pdfs&filename=Acta_Oft_05…

A despeito dessa consulta permito-me transcrever um breve extracto onde se esclarece a malformação que origina este tipo de glaucoma e se dá a conhecer que o estudo desta doença já remonta a mais de cem anos.

“O glaucoma congénito tem uma incidência de 1:15000 a 1:30000, representa 0,05% dos doentes do foro oftalmológico, é bilateral em 75% dos casos e atinge mais frequentemente o sexo masculino (65%). A malformação das estruturas do ângulo é a principal causa da patogénese do glaucoma congénito. É recomendada a intervenção cirúrgica o mais precoce possível. (…) Até meados do século XVIII o glaucoma congénito estava agrupado a outras patologias como a alta miopia e o estafiloma anterior. Em 1869 Von Muralt descreveu e incluiu esta patologia no grupo dos glaucomas. No início do século XX os estudos de Reis, Seefelder, Cross e outros demonstraram que a malformação das estruturas do ângulo era a principal causa da patogénese do glaucoma congénito”.

 

 

 

 

~ por Blog Acessibilidade em 31 de dezembro de 2010.

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